O Incidente da AWS: Devo Largar a Cloud?

Cloud, On-Premise e Estratégias de Alta Disponibilidade

Recentemente, tivemos alguns incidentes em grandes provedores como AWS (principalmente na região US East 1), GCP e Azure. Esses downtimes geram a pergunta que não quer calar: Devo largar a Cloud e voltar para On-Premise?

A minha resposta é: Não!

Neste post, vou detalhar o porquê essa seria uma resposta radical e analisar o trade-off entre Cloud, On-Premise, e as estratégias que realmente minimizam o risco.


Cloud vs. On-Premise: Uma Análise Rápida

Não podemos descartar a Cloud por causa de algumas quedas. É preciso entender as vantagens e desvantagens de cada modelo, especialmente em operações de larga escala:

On-Premise (Servidores Próprios)

Vantagens Desvantagens
Controle Total: Controle de hardware, dados, rede e atualizações. Alto Custo Inicial: Compra de racks, elétrica, resfriamento e infraestrutura.
Custos Previsíveis: Hardware já pago, com um custo fixo (fora a energia). Depreciação Rápida: O hardware se torna obsoleto rapidamente (Lei de Moore).
Privacidade de Dados: Total controle sobre a localização e segurança dos seus dados. Alta Disponibilidade Complexa: Exige múltiplos data centers em locais diferentes para garantir resiliência, o que é muito mais caro e complexo que na Cloud.

Cloud (AWS, GCP, Azure)

Vantagens Desvantagens
Baixo Custo Inicial: Setup pronto em segundos, sem a necessidade de grande investimento inicial. Custo Alto com o Tempo: Embora o início seja barato, o custo pode escalar drasticamente com o crescimento da operação.
Escala Fácil (e Crucial): A Cloud permite lidar com picos inesperados de requisição (escala horizontal), evitando indisponibilidade e a perda de vendas de alto valor. Vendor Lock-in: Dificuldade em migrar serviços específicos (ex: S3) para outro provedor devido ao custo e esforço de transferência.
Serviços Prontos (Abstração): Serviços como EKS, Lambda e S3 facilitam a construção de aplicações complexas com blocos prontos. Risco de Segurança Externa: Além da sua segurança, você corre o risco de o próprio provedor ser atacado.

Estratégias para Minimizar o Risco

Nenhuma Cloud garante 100% de disponibilidade. O segredo é ter uma estratégia que reduza a dependência de um único ponto de falha.

  • Zonas e Regiões: O erro mais comum é hospedar tudo em um único data center (como o US East 1, que é o padrão da AWS). A primeira e mais simples defesa é distribuir a aplicação entre múltiplas Zonas de Disponibilidade ou Regiões.
  • Multi-Cloud: Utilizar provedores diferentes (ex: AWS e GCP) para hospedar serviços críticos separados, garantindo que a queda de um não derrube o outro.
    • Cuidado: Essa estratégia é mais cara e exige que a equipe esteja preparada para orquestrar serviços em ambientes diferentes. É vital que o orquestrador (o "cara que decide onde ir") não seja um Single Point of Failure.
  • Cloud Híbrida: Usar a Cloud para a maioria dos serviços, mas manter dados sensíveis ou componentes críticos em um On-Premise (servidor local). Isso elimina o risco de segurança e compliance de dados sensíveis na Cloud.

A Decisão Final: O Trade-off do Negócio

A escolha da estratégia (Multi-Cloud, Híbrido, ou Multi-Região):

O custo de investir em uma infraestrutura robusta e redundante (ex: 40 mil) compensa o prejuízo financeiro causado por um dia de indisponibilidade (ex: 20 mil)?

Se a perda de receita por estar fora do ar for maior do que o custo de ter redundância, o investimento se paga. Se a perda for menor, o investimento em alta redundância pode não fazer sentido.

É um trade-off constante que arquitetos e engenheiros precisam fazer!


Link do Vídeo: O Incidente da AWS (devo largar a Cloud?)

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